quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Um Recado ao Mestre

Trago-te um recado de muita gente...
Houve gente que praticou uma boa ação,
Mandam dizer-te que foi por que
Teus exemplos convenceram o coração...
Há também quem venceu na vida,
E manda dizer-te que como hoje
Tuas lições permanecerão...
Alguém que superou a dor
Manda dizer-te
Que foram as lembranças de tuas aulas que o ajudou...
E eu te digo, não sei o que combina mais contigo,
Uma poesia, um livro, uma pintura
Sinceramente fico pensando
No que deve dar alegria
A alguém que é motivo da alegria de tantos...
Na verdade, o verdadeiro professor
É aquele que prefere dividir o que possui,
Do que ter somente para si...
O verdadeiro mestre sente-se feliz
Quando percebe que o caminho que abriu
Tem sido trilhado por muitos...
Sei que são simples as minhas palavras
E que elas não podem te recompensar,
Na verdade te escrevo o que penso
Tua competência é impossível comparar...
A ti professor amigo
Que compreende, estimula
E enriquece a todos
Com sua presença, seu saber e sua ternura.



Poesia: Beth Brito

2009

Da sua amiga e ex-aluna: Ana Elisabeth Brito

Professor ou Biscateiro?


Hoje, estava na estrada e ouvi uma entrevista na qual o âncora da rádio perguntava a um especialista se estava próximo o dia em que os professores pudessem ser chefes de família exclusivamente com o salário de professor.

Porque, segundo o radialista, atualmente, os professores utilizam a profissão para complementar a renda e não como atividade principal. Refleti e parcialmente concordei com a afirmação, apesar de ter ficado contrariado, momentaneamente, por achar desrespeitosa a entonação e conotação utilizada. Percebi, em suas palavras, que o grau de profissionalismo de quem tem outra(s) atividades além da docência poderia ser menor do que aqueles que seriam apenas professores.

Vejamos: Concordo que nossa remuneração é indubitavelmente baixa e que via de regra necessitamos de outros vínculos empregatícios para fazer jus à sobrevivência. Comecei a visualizar meus colegas de profissão que estariam fora deste estereótipo e não encontrei com facilidade alguém que pudesse servir de argumento contrário ao posicionamento do radialista.

Lembrei de outros que detém "conhecimento morto" que serve apenas para alimentar suas vaidades e não se transformam em benefício para ciência pura, para o cidadão nem para socidade.

Mas percebi, também, que uma parcela significativa dos professores, me incluindo, possuem outras atividades complementares ou principais mas que possuiam como característica comum a dedicação à causa da educação. Não apenas por ideologia mas por vocação em lidar com gente. Vocação percebida na interação que estimula o crescimento alheio. No prazer que proporciona ao ver nosso semelhante evoluir e nos levar consigo também. Pensei nos dias em que estive cansado do dia atribulado e me recarreguei com uma sala de aula onde os alunos muitas vezes ensinam mais do poderiam imaginar. No querer aprender mais para poder doar mais.


Visualizei, naqueles instantes da entrevista, nossos colegas, os professores de ensino fundamental que em alguns cantos deste país não possuem formação suficiente mas o pouco que sabem transmitem e estimulam noutros o crescimentor.
Sei que poderei exercer diversas outras atividades com segurança, competência e prazer. Mas dificilmente encontrarei uma que possa me sensibilizar tanto quanto à de professor.

A entrevista acabou e não me dei conta do que haviam conversado ademais. Mas estava com uma sensação agradabilíssima que me fazia responsável, orgulhoso e grato ao Alto, ao mesmo tempo, por ser professor em tempo físico parcial mas integralmente de alma.

Um afetuoso abraço e parabéns a meus amigos professores no seu dia.


Professor Erick Viana.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

SENADO FEDERAL – DO LUXO AO LIXO


Gostaria de diferentemente das postagens anteriores abrir espaço para exposição dos pensamentos de uma amiga.


A sociedade brasileira deveria estar em festa comemorando os 21 anos de promulgação de nossa Carta Magna, a constituição federal de 1988, que é considerada no mundo como uma constituição moderna, democrática e intitulada de Constituição Cidadã. Um luxo em termos de garantias democráticas.

Porém, na contramão desta possibilidade de comemoração estamos sendo bombardeados frequentemente com escândalos na câmara dos deputados, no senado federal, etc.

Sabemos porém, que escândalos não são exclusividade do parlamento brasileiro, no entanto, a mistura/fusão entre os conceitos do que é público e privado - passando tudo a ser privado , pois o que prevalece são os interesses pessoais para a grande maioria dos que deveriam ser representantes do povo, e defensores os interesses da sociedade brasileira – dificulta o entendimento para os pobres mortais cidadãos.

Em outros países como a Inglaterra, Coreia e Japão; corrupção é um assunto que parece provocar mais vergonha que no Brasil, além de provocar demissões, levar a renúncia, em alguns casos até suicídio por vergonha do escândalo quando são descobertos, e reposição do dinheiro desviado do erário.

No Brasil a indignação de hoje é superada pela avalanche de novas crises. Devolução, demissão e renúncia são utopias que hoje já não mais convencem a muita gente de que possa vir a acontecer de fato.

Existe quase um consenso de que entre os 81 senadores eleitos, haja menos de uma dúzia com reputação ilibada e que exerçam efetivamente a função para o qual foram eleitos, a defesa dos interesses da coletividade nacional, e em conseqüência deste quorum ético e moral ser tão baixo, há uma total descrença de que algo possa ser feito para mudar esse mar de lama/mercado de interesses escusos, lixo vergonhoso. Situação ainda pior acontece com os suplentes que não possuem votação e conseqüentemente compromisso com a população.

O general Charles de Gaulle, ex-presidente da França foi rechaçado quando em visita ao Brasil lhe perguntaram qual a impressão que o mesmo havia tido sobre o país, disse “esse país não é um país sério”, alguém dúvida que ele estava certo?

A população está apática, nem àquela massa jovem que foi às ruas como os caras pintadas, deixou herança para que os jovens de hoje liderem um movimento para limpar esse lixo que virou essa casa legislativa. É necessário cobrarmos uma atitude democrática que possa cancelar os espetáculos encenados na casa de horrores. Rótulo tão bem definido por revista britânica, ao vergonhoso Senado brasileiro.

É lastimável que o povo que poderia mudar este cenário através do voto, fazendo uma verdadeira faxina, varrendo os corruptos do poder, ainda não é capaz de entender o real sentido da democracia, pois vendem a única arma de mudança que possuem democraticamente “o voto” por bens de consumo rápido e em alguns casos supérfluos, onde através de negociatas entram pelos seus bolsos tostões e amargam a saída de milhões/bilhões nos anos em que se sucedem os pleitos eleitorais.

Rui Barbosa, em seus idos, já dizia que chegaria o tempo em que os homens ririam de sua honra e sentiriam vergonha de ser honestos.

Alba Valéria G. de Carvalho - alba_vgc@yahoo.com.br

sábado, 27 de junho de 2009


Quem te fala não é ninguém
Senão um espírito errante que só
Tenta retirar da vida a sublime arte
De viver, sentindo a vida e as emoções.
É quem mesmo sem conhecer a dor
Usa a tristeza que existe dentro de si
Para forjar e entumescer-se dela até
Não suporta-la e ver a indiferença com que
Os outros passam pela vida sem notá-la.

Deixando transbordar do coração
Ou da mente ( pouco importa ) tudo
Aquilo que olho no olho foge da fala.
Não acredito em meias verdades,
Talvez elas nem existam
Meu espírito não é uno , são vários.


E como ele devam existir outras verdades
Mais do que tento encontrar dentro dele,
O que me faz prosseguir é ao menos saber
Que existe sentido em buscar
O néctar, o éter essencial dos filósofos
Resumido e consubstancial em viver.


Repudio os falsos moralistas e até mesmo
A moral como nos é invocada
Hipócritas e malditos os que usando de ardizes
Persuadem e corrompem a alma das pessoas
Deixando-as crerem em ilusões, impedindo-as
De sentir a vida e frustrando-lhes os sentidos


Não me diferencio do mundo por virtudes
Mas por indagações que a mim mesmo faço
Sem resposta encontrar, mas aí está o segredo
A razão resigna a emoção a boulevares
Cinzentos, que separam alegria e tristeza
Num limiar onde nem sempre o bom senso
É senhor.


A tristeza e a alegria são lúdicas,
Não falo em felicidade, não por ser infeliz,
Mas porque acredito, sim, na efemeridade
Da alegria e da tristeza, aqueles que buscam
Só a felicidade estão fadados a não achá-la
A vida nescessita delas na mesma proporção
Que o corpo do espírito.


Hoje alguém me disse que não pensasse
Para verbalizar a intensidade das emoções
Falou que seria impossível torná-las inteligíveis.
Mas não vejo sentido em buscar no meu íntimo
Coisas que não espelhem meu espírito.


Não posso, não consigo nem quero tornar versos
Metricamente corretos nem rimados ou belos
Isso eu deixo aos que possuem o dom ou a técnica
Espero e com muita ânsia me fazer entender
E quem sabe fazer outras pessoas de espíritos
Inquietos como meu compartilhar das emoções
que sinto.


Compartilhar para não sentir-se só.
Não por falta de amor, ternura ou carinho.
Solidão de , talvez, por presunção ou fatídica
Realidade não encontrar seu reflexo em canto
Algum.
Ou pior ainda, estar entre a loucura e a sabedoria
Trilhar por caminhos que parecem levar a lugar
Algum, mas que trás às portas da alma infinita
Satisfação por não estar preso à mediocridade do Mundo.


Como falar em não estar preso à mediocridade
Se pelos meus pensamentos e desejos me vejo traído.
Jaz no peito um amor que não nasceu para o mundo
Mas para as idéias, estes são os mais fortes,
Impossíveis de alcançar, por isso tão desejados.
Entendo, agora, os alquimistas e me sinto como um.



Alquimista de emoções transformando desilusão
Em esperança.
Em tentativas sucessivas e frustradas, mas que
A cada uma , uma nova descoberta, uma outra
Emoção perpetra o espírito e dar ânimo para
Continuar a epopéia utópica da química dos
Sentimentos em busca da plenitude

sábado, 2 de maio de 2009


Que vacilante e fugaz espírito
A custas sofre e o corpo entrega.
Preceitos, conceitos às avessas
Infantil amor a motiva.
Cadência descompassada e incerta.
Até quando durará o sacrifício?

Choro alivia a alma e o peso
Que cônscia inala e exala.
Sofrida, tantas mãos passastes
Mas nenhuma delas alívio,
Compreensão verdadeira encontrastes.
Equívoco , não nascestes para isso.
Não para sofrer, mas para a alegria.
Até onde levarás o sacrifício?

Aos olhos deles crime e pecado
Razões e motivos nobres ensejam.
Que mal a alguem podes fazer?
A não ser sentir na própria carne
O látego gelado da solidão.
Até que ponto é válido o sacrifício?

Segredos, sem vida, o medo.
Carinho, afeto, segurança
Apesar de pouca e seca emoção
Terna, recôndita paz no lar encontras.
Que lar? O que por teu ímpeto deixastes.
A dor culpa, relega a nada o amor ingrato
Àquele que lançado não retorna.
O sacrifício é oferenda que fazes por amor
Amor à infância que docemente espera a te
Chamar de mãezinha

Estrelas e lágrimas nas noites.
Tôrpega angústia de saber não
Haver mentira eterna, o tempo
Não para e dificulta entender
Quão falaciosas as veredas da vida.
Tolos e medíocres a Deus deixam o amanhã.
Por preguiça ou medo, não por fé.
Mas o amanhã é nosso , anistiado dos percalços.

Sob pálidas e letárgicas gotas a vejo passar
Procuro e não encontro equilíbrio em deixar
Aberta porta.
Porta que contém as lágrimas de leviatã.
Arrebenta poça , traz à tona o que de
Obscuro alma esconde.
Quanto de pecado e culpa imputam à vida?
Normas, retas e ângulos onde só os sentidos
Imperam.
Duelo eterno entre razão e emoção.
Que insensatez em ver razão através dos sentidos!!!
Se deles vem a perdição.

Projetos e planos difusos num fundo branco
...De repente a mácula do sangue jorrando corpo
Afora, transmutando a vida e definindo destinos.
Idas sem voltas, vergonha, culpa e dor
Dúvida pungente no espírito.
Perda da inocência forja o amor e convence.
Melhor a morte rápida que a vergonha eterna.
Moral desalmada.
Justiça morta.
Não faça, não fale ... apenas deixe viver.

terça-feira, 10 de março de 2009


Imagino uma frondosa e gigantesca árvore com um imenso tronco, tão grande que mesmo se quisessem não conseguiriam dez pessoas abraça-lo, que a medida que cresce transforma-se em outros tantos, suas folhas são verdes, verdes brilhantes e fortes, formam uma imensa copa que de tão densa quase impede os raios do sol atravessá-la. E todos que a viam ficavam maravilhados com sua exuberância.
Mas essa árvore nem sempre foi assim, surgiu ínfima de um pequeníssimo grão vindo de longe no bico de um passarinho, o grão germinou e paulatinamente foi trazendo à luz a futura frondosa e bela árvore, o tempo passou e a cada dia pássaros ali faziam seus ninhos, macacos pulavam entre seus galhos, centopéias, aranhas, formigas, todos desfrutavam de sua hospitalidade como se apenas ela resumisse o mundo deles. Se ela tivesse consciência de sua importância certamente acolheriam-los com sentimento maternal, pois ali acima, abaixo e dentro de si, reluzia o segredo da vida, da natureza. Da mãe terra de onde retirava suas forças e lhe dava firmeza para seu crescimento e sustento, apesar de que quanto mais crescia mais necessitava fincar e arraigar suas raízes no chão profundo, vinha a seiva bruta que pelo milagre da síntese da luz dava-lhe força e vida para si e para todos que de seus frutos se nutriam.
Havia muito mistério, poesia e sabedoria por trás dessa imensa árvore que obviamente não tinha conhecimento dessas coisas que agora escrevo, não tinha pensamentos nem sentimentos, isso é metafórico, eu é que presumo tê-los. No entanto, talvez essa inanimada árvore resuma toda simbiose harmônica que o criador queira me falar e com meu coração mais duro que seu caule centenário não consiga entender.
Tempestades vem e vão, ventanias, trovões , todos tipos de entempéries mas majestosa e incólume a tudo permanecia ali, abrigando seus pequenos súditos que também sem ter consciência plena tinham-na como seu universo.
Um mundo tão particular e único (me atreverei a descrevê-lo com meus sentidos) que os faziam sentir-se completos, felizes, a harmonia transbordava pelo ar , não era visível mas tátil aos sentidos da alma.
Agora imagino se fosse possível dar a estes seres a possibilidade de sentir emoções, formular raciocínios e arbitrar sua vontade, o que mudaria?
Talvez os pássaros alojados na frondosa árvore quisessem tomar para si o direito sobre ela, afinal foram seus ancestrais que ali depositaram a semente que a gerou ou a própria magnífica árvore se desse conta do seu poder e por ter abrigado durante várias gerações pássaros achasse justo que daqui por diante os atuais moradores tornassem seus escravos submissos a suas vontades. Ou quem sabe os esquilos se reunissem para impedir a concorrência desleal das formigas, centopéias e outras larvas que além de se alimentarem de suas folhas comiam seus frutos e eram em número muito superior ao deles. Os pequenos insetos por sua vez sentindo-se oprimidos e em maior quantidade resolvessem fazer uma ofensiva coletiva contra os esquilos e a frondosa árvore que diante de tamanha injustiça não se pronunciara a favor deles. As mariposas que depositavam suas larvas nas folhas e em alguns frutos para serem gestados e voltar a colorir a natureza teriam que arrumar outro local porque estavam danificando e prejudicando a saúde da frondosa árvore. Assim sucessivamente como uma trilha de dominós que desmoronando a primeira pedra provoca uma reação em cadeia aconteceria com o equilíbrio, harmonia e paz que outrora reinara naquela árvore.
Aquilo que antes chamávamos de irracional e inanimado (sem alma), agora com nossa razão, sentimentos e emoções não fazia sentido. Que surpresa para mim que os instintos falavam mais fortes que os sentimentos. Ou seriam os sentimentos derivados dos instintos? Em alguma época alguém afirmou que na verdade o homem tinha prazer naquilo que desejava mas o inverso não era factível, não era o prazer sentido pelo homem que lhe proporcionava o desejo...deixemos a filosofia de lado e voltemos a pequena fábula da frondosa árvore.O fato era que de uma forma ou de outra a minha razão humana só trouxe desarmonia e discórdia aonde antes reinara a paz.
A frondosa árvore ciente do que acontecia e, agora, possuidora de alma começou a abater-se de tristeza pela desordem no seu mundo gerada pela ambição, inveja, mesquinhez de seus ex súditos e de si própria. Pouco a pouco suas antes verdes, verdes e brilhantes folhas, começaram a secar, caindo pouco a pouco mesmo sem ter chegado o outono, o milagre da fotossíntese não podia mais se realizar, nem mesmo chorar ao orvalho das madrugadas era possível, seus ex-súditos desconsolados prostraram-se para outros cantos envergonhados e infelizes, pelo conhecimento precoce da razão e a fuga da inocência. Inocência precursora do milagre da felicidade.
Se for possível retirar sentido dessa improvável fábula, deixo a cada consciência sua própria reflexão sobre a brevidade da vida, as reviravoltas a que ela nos submete e de como encontrar o equilíbrio entre razão (pensamento), instinto (desejo) e a emoção (sentimento).

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Neste carnaval ouvi de diversas pessoas comentários sobre a nostalgia e do romantismo presente nos carnavais de outrora. Aludiam às marchinhas, a tranquilidade de brincar nos bailes e nas ruas. Cantarolavam:

" As águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar ,... eu passo a mão no saca, saca, saca rolha e bebo até me afogar... deixem as águas rolarem"

"Tanto riso, oh quanta alegriaMais de mil palhaços no salão[... ]Eu quero matar a saudadeVou beijar-te agoraNão me leve a malHoje é carnavalVou beijar-te agoraNão me leve a malHoje é carnaval"

"Oh! Jardineira por que estás tao tristeMas o que foi que te aconteceu?- Foi a Camélia que caiu do galhoDeu dois suspiros e depois morreu..- Foi a Camélia que caiu do galhoDeu dois suspiros e depois morreu.. - Vem jardineira, vem meu amorNão fiques triste que este mundo "é todo teu"Tu és muito mais bonita que a Camélia que morreu."

Algumas dimensões envolvidas naquelas afirmativas devem ser observadas: musicalidade, época histórica, conteúdo e forma da letra por exemplo.

Quando preparamos o espírito para um evento carnavalesco (ou canavalesco,como preferir!) a predisposição à alegria, descontração, irreverência e deboche se faz presente naturalmente. No entanto quando fazemos, mesmo que rapidamente, uma leitura das letras das músicas e até da sonoridade, dos rítmos e das sensações que estes nos remetem, notamos um abismo imenso entre o que foi produzido artisticamente, em um passado não tão distante, da verborragia que somos coagidos a escutar a todo instante nos meios de comunicação de massa.

Sinto que o batuque dos atabaques, o toque da cuíca, dos pandeiros, as baterias e o grito das guitarras excitam nossos sentidos e até trazem prazer com um suingado gostoso, o triângulo a zabumba, a sanfona, nos impele a sairmos da inércia. È muito bom.

Não falo disto. Mas sim, da falta de reflexão que muitas das vezes nos faz passar por fantoches, marionetes ou bobos da corte, lançados na euforia do balanço das músicas, permeados pelo relaxamento provocado pelo álccool e que... de repente nos faz estar no meio do salão, das ruas, seja lá de onde for, cantando, gritando e repetindo falas que não condizem com nossos pensamentos e princípios.

Temos avançado nas políticas de gênero no Brasil, a legislação traz prerrogativas a mãe no período do aleitamento, proteje a mulher com a Lei Maria da Penha da covardia de alguns homens. Não obstante, seja comum vermos crianças em festas infantis dançando "na boca da garrafa" ou fazendo passos que simulam o ato sexual. Que Paradoxo!

"Eu quero mais é beijar na bocaEu quero mais é beijar na boca (eu quero mais)Eu quero mais é beijar na bocaE ser feliz daqui pra frente... pra sempre"

Thomas Kunh, quando fala de ciência normal, nos diz que nunca ouve paradigma hegemônico, e que o modelo vigente se torna cada vez mais fraco a medida que os contestadores dele aumentam seu coro.

Prefiro não estar presente no cordão do paradigma de normalidade que toma conta de nossa sociedade em relação à banalização dos valores humanos.

"Já tomou meu homem destruiu meu larE agora só quer se fazer de santa (de santa)Pode ficar com ele deixa a minha vidaQue eu não vou dar ouvido a uma raparigaEu sei que ele pra mim vai voltar"

Se formos comparar os motes entre as canções acima e outras mais recentes, veremos semelhanças na temática e diferenças abissais na forma de tratá-las. Há falta de algo que se perdeu com o tempo "Se a polícia por isso me prenderMas na última hora me soltarEu passo a mão no saca-saca-saca rolhaNinguém me agarra, ninguém me agarra" e que está, de alguma forma atrelada à percepção que as pessoas passam a ter do mundo que as cercam.

Numa das canções os autores falam que querem beber até se afogar, há por mais deprimente que possa parecer nessa imagem, um trabalho de rebuscar a cena, há um burilamento na letra que permite aos que ouvem a sensação minimalista e eufemista dos efeitos deletérios da embriaguês, traz junto a si na letra,também, uma chamada à desobediência civil " Se a polícia por isso me prenderMas na última hora me soltarEu passo a mão no saca-saca-saca rolhaNinguém me agarra, ninguém me agarra".

Entretanto a forma grosseira como se trata a mesma temática numa música atual nos faz perceber a falta de polidez no trato da "obra de arte" " Cabra safadoTá na zueiraSó gosta mesmoÉ de mulher doideira". Nos parece que falta habilidadde aos "artistas" criações de melhor quilate ou pressupõem que o público não estaria preparado intelectualmente para compreender se assim o fizessem.

De qualquer forma a questão das diferenças qualitativas entre as produções de outrora e as de hoje, não estão tão ligadas a fenômenos naturais e deterministas da sociedade , mas sim pelo desconhecimento do belo, do bom e do bem pelo que passa nossa geração.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009


Maceió Outubro/96


Dantes finas gotas d’orvalho
Na vertigem da noite nua
Dias, noites, calor latente
Resguardam a feição triste
Entrevam a fala oblíqua
Amarga alma e presa sua.

Clara luz fogo e serpente
Prelúdio, alarde, saudade,
Rasgando o peito matando
Leve sem rumo poente
Amarga alma e presa sua.

Donde foram os anjos bons?
Clama, atreve, implora...é tarde.

Alma nobre, canto doce filha
Olha a vida, convida, não finja
Sem medo, receio, hoje viva!
Hoje tendo não sabes amanhã
Amarga alma e presa sua

Valquírias de sonhos alados
infantil alento me encanta
Preciosa e Nebulosa lágrima
Deste primo amor carente
Espera brilhar o espírito
Reflete a bela face escondida
Limite da razão que cegando
Esquece o peito doente
e ama amor.

domingo, 15 de fevereiro de 2009




Maceió Agosto/96

Nunca tive medo da morte , nem da morte súbita,trágica, pelo contrário encarava com naturalidade dos que ainda não experimentaram a sensação de perder um ente querido, mas hoje fazendo algumas contas, senti-me inseguro, incerto, impotente, acho que foi medo dela que apesar de certa ,presumia andar por muito longe.
As contas cabalísticas que me fizeram divagar começavam com a soma de décadas a partir do dia de hoje , conferindo em que ano cairia, até aí tudo bem... mas ao associar esses anos à idade dele me veio uma angustia no peito, porque não sou senhor das previsões e gostaria imensamente de vê-lo em todas suas vitórias, não somente na infância mas em toda sua trajetória aqui. No entanto sinto que será impossível. A cada dia que passa se torna mais vital e pulsante em minha vida , agradeço a Deus por ele e tentando fazer um malabarismo com o espírito entrego sua felicidade em Suas mãos. Fico ,às vezes, pensando o quanto é breve a vida por mais longevidade que o homem possa ter , cada momento é único e a impossibilidade de repetí-lo faz com que a sensação do ancião que gostaria de uma segunda chance, para reviver as boas lembranças, desfazer os enganos, desculpar-se com o passado, rever os que já partiram, impedir que o amor fuja de suas mãos, tentar aprender olhar o mundo como quem tem sede inesgotável do aprender fixando cada imagem e emoção na alma, seja a mesma que em qualquer época da vida a partir do instante que nos damos conta da efemeridade da vida , das incertezas do futuro e principalmente da certeza da grandiosidade e do prazer de viver . Te amo filho.

sábado, 14 de fevereiro de 2009


Abril/96

Que proveito se tira da dor que dobra a alma e faz do homem nada? Ou nada sendo somente sua imagem refletida o assusta . Assustado busca em vão justificar na dor o nada ser.
Se de proveito algo se tira , por que derramar sobre si mesmo todos pecados do mundo como se fosse possível no mundo caber tamanhas dores e pecados?
O tempo passa e quanto mais passa menos lógico fica de entender aqueles que querendo justificar a si mesmos retiram da vida o sentido ontológico das coisas serem. Como falar de amor verdadeiro, se por amor apenas, não se encontra verdade precisando redundar em amor verdadeiro. O amor ou é amor ou não o é. Não existe amor verdadeiro é amor e pronto e tudo mais que queira se aproximar disso é falso.
Fala-se tanto em solidão mas que tristeza maior de não saber o que é solidão por nunca ter deixado de estar só. Doce melancolia que persegue e extasia fazendo pensar e pensar até não poder mais imaginar viver sem ti.
Hoje alguma coisa me fez lembrar você e me descobri vazio. Com falta de algo na alma que me fizesse feliz e falando em felicidade entristeço mais ainda por lembrar que a conhecendo de perto e sem saber o que pra mim representava perdido-a.
O caráter de um homem que ao jurar amor não consegue ser fiel à amada não pode ser medido pelos mesquinhos olhos humanos que não entendem a dimensão da paixão... É impossível àquele que conheceu a paixão não tentar repetí-la e tentar quantas vezes nescessário for perpetuar essa sensação. Paixão que faz viver e alimenta o espírito , às vezes, de um néctar alucinógeno e enebriante que não separa a realidade da fantasia justificando a tudo pela própria razão de existir.
Pensamentos que dilaceram a alma , fragmentam as idéias e me deixam a deriva num labirinto de dúvidas. Entregar-se às vontades e deixar que os devaneios da paixão sejam senhores da razão para depois não lamentar ter passado pela vida sem viver? Sim é isso que se deveria crer se não fosse os senões que a vida nos prepara.
Se possível fosse assim viver sem magoar e ser magoado. Se realmente as idéias fluissem com a mesma intensidade que os sentimentos e fosse vero o equilíbrio do espírito com a devassidão do corpo.
Quando desce o sol e os demônios se fortalecem nas minhas fraquezas tento elevar o espírito à nobreza de pensamentos que travando desigual batalha dentro do meu peito angustia, culpa e relega a último plano as vontades contidas no vale sombrio dos meus desejos. Mas assim o valor do amor é justificado pelo sacrifício da paixão e se for nescessário... que assim seja.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Colação de Grau



Durante os últimos quatro anos tive a grata experiência de conviver com meus alunos de graduação durante uma parte do dia e de ser graduando na outra. Pude testemunhar as dificuldades, necessidades, expectativas e aspirações existentes nos dois lados da moeda do processo ensino-aprendizagem. Isso foi muito valioso. Municiou-me de habilidades que me ajudam na docência, colaboram com o processo de empatia tão importante para que a via de mão dupla na educação se realize em plenitude.


Hoje, quatro anos depois e com graduações, especializações, mestrado experimento as emoções de, efetivamente, acompanhar todo o processo que se inicia com o agrupamento de pessoas no primeiro período de um curso e desemboca na colação de grau com um sentimento de amizade construída e de saudade de momentos bem vividos.