sábado, 27 de junho de 2009


Quem te fala não é ninguém
Senão um espírito errante que só
Tenta retirar da vida a sublime arte
De viver, sentindo a vida e as emoções.
É quem mesmo sem conhecer a dor
Usa a tristeza que existe dentro de si
Para forjar e entumescer-se dela até
Não suporta-la e ver a indiferença com que
Os outros passam pela vida sem notá-la.

Deixando transbordar do coração
Ou da mente ( pouco importa ) tudo
Aquilo que olho no olho foge da fala.
Não acredito em meias verdades,
Talvez elas nem existam
Meu espírito não é uno , são vários.


E como ele devam existir outras verdades
Mais do que tento encontrar dentro dele,
O que me faz prosseguir é ao menos saber
Que existe sentido em buscar
O néctar, o éter essencial dos filósofos
Resumido e consubstancial em viver.


Repudio os falsos moralistas e até mesmo
A moral como nos é invocada
Hipócritas e malditos os que usando de ardizes
Persuadem e corrompem a alma das pessoas
Deixando-as crerem em ilusões, impedindo-as
De sentir a vida e frustrando-lhes os sentidos


Não me diferencio do mundo por virtudes
Mas por indagações que a mim mesmo faço
Sem resposta encontrar, mas aí está o segredo
A razão resigna a emoção a boulevares
Cinzentos, que separam alegria e tristeza
Num limiar onde nem sempre o bom senso
É senhor.


A tristeza e a alegria são lúdicas,
Não falo em felicidade, não por ser infeliz,
Mas porque acredito, sim, na efemeridade
Da alegria e da tristeza, aqueles que buscam
Só a felicidade estão fadados a não achá-la
A vida nescessita delas na mesma proporção
Que o corpo do espírito.


Hoje alguém me disse que não pensasse
Para verbalizar a intensidade das emoções
Falou que seria impossível torná-las inteligíveis.
Mas não vejo sentido em buscar no meu íntimo
Coisas que não espelhem meu espírito.


Não posso, não consigo nem quero tornar versos
Metricamente corretos nem rimados ou belos
Isso eu deixo aos que possuem o dom ou a técnica
Espero e com muita ânsia me fazer entender
E quem sabe fazer outras pessoas de espíritos
Inquietos como meu compartilhar das emoções
que sinto.


Compartilhar para não sentir-se só.
Não por falta de amor, ternura ou carinho.
Solidão de , talvez, por presunção ou fatídica
Realidade não encontrar seu reflexo em canto
Algum.
Ou pior ainda, estar entre a loucura e a sabedoria
Trilhar por caminhos que parecem levar a lugar
Algum, mas que trás às portas da alma infinita
Satisfação por não estar preso à mediocridade do Mundo.


Como falar em não estar preso à mediocridade
Se pelos meus pensamentos e desejos me vejo traído.
Jaz no peito um amor que não nasceu para o mundo
Mas para as idéias, estes são os mais fortes,
Impossíveis de alcançar, por isso tão desejados.
Entendo, agora, os alquimistas e me sinto como um.



Alquimista de emoções transformando desilusão
Em esperança.
Em tentativas sucessivas e frustradas, mas que
A cada uma , uma nova descoberta, uma outra
Emoção perpetra o espírito e dar ânimo para
Continuar a epopéia utópica da química dos
Sentimentos em busca da plenitude